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Essas novelas maravilhosas e suas trilhas sonoras matadoras – O Outro (1987)

06/09/2010

Vou dizer uma coisa pra vocês: se tem Malu Mader só pode ser bom. Certo? Certo. Dito isso, podemos ir em frente. Em O Outro, novela com dose dupla de Francisco Cuoco, ela era Glorinha da Abolição, ex-menina de rua que, graças às reviravoltas do mundo das novelas, termina como filha do milionário da história. Além disso, era a única com um cabelo decente. Reparem:

Obviamente, não me lembro bem de todos os detalhes, mas adorava o clima urbano e acompanhava ansiosa a trama. Torcia para que, no fim, a Glorinha não ficasse com o Francisco Cuoco, que era velho e feio. Para quem não lembra, a novela contava a história do homem humilde, sósia de um milionário por quem se faz passar após um acidente envolvendo os dois. O homem humilde era Denizard Matos. O milionário era Paulo Dell Santa. E os dois eram Francisco Cuoco. Denizard teva um affair com Glorinha e Paulo era, na verdade, seu pai. No final, o rico reaparece, o pobre volta pro ferro-velho dividido entre três mulheres, mas acaba voltando para a sua suburbana sensual, Índia do Brasil, vivida por Yoná Magalhães.

As duas trilhas sonoras de O Outro são excelentes. A nacional tem grandes clássicos do pop rock brasileiro, como O nosso amor a gente inventa (Estória Romântica), do Cazuza, e Doublé de Corpo, dos Heróis da Resistência, banda do Leoni, maior compositor do Brasil de todos os tempos. A sequência da trilha tem a maravilhosa Esquece e Vem, do Nico Rezende, comandada pelo baixo fretless e pelo climão no teclado.

Como se não bastassem todos esses clássicos, há ainda a memorável Kátia Flávia, do Fausto Fawcett & Os Robôs Efêmeros, seguida por Amanhã é 23, do Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens (sim, as bandas dos anos 80 tinham os piores nomes possíveis). Ainda como destaques no quesito pop rock, há músicas do Barão Vermelho (Quem me olha só) e Ira (Flores em Você), fechando essa bela trilha.

Antes mesmo de ouvir a trilha internacional, o sujeito já é fulminado pela vibe FEMME FATALE da Malu Mader na capa. Se conseguir abstrair e reunir forças para retirar o vinil do plástico, o cidadão será BOMBARDEADO por um arsenal de baladas que fariam o Love Songs da Cidade parecer o Arrasa Quarteirão da Ipanema. São tantas que apenas as listarei aqui, pois acho que isso basta para avaliar o estrago que causam:

– COMING AROUND AGAIN – Carly Simon
– DON’T DREAM IT’S OVER – Crowded House
– THE MIRACLE OF LOVE – Eurythmics
– YOU’RE THE VOICE – John Farham
– WORDS GET IN THE WAY – Gloria Estefan & Miami Sound Machine
– THIS LOVE – Bad Company
– DON’T GET ME WRONG – Pretenders
– TWO PEOPLE – Tina Turner
– I’LL BE OVER YOU – Toto

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Essas novelas maravilhosas e suas trilhas sonoras matadoras – Cambalacho (1986)

09/08/2010

Ao fazer uma pesquisa nas minhas memórias sobre Cambalacho, me lembro exatamente de ter questionado minha mãe sobre o que significava a palavra. “Trambique, sacanagem”, me disse dona Isolete. Engraçado que isso ficou tão fixo na minha mente, que ficava analisando as tramoias dos personagens para saber se agiam corretamente ou não. Talvez, eu tenha entendido – como crianças entendem as coisas – o recado de Silvio de Abreu quando escreveu a novela, que, hoje, avalio, condenava o mau-caratismo associado à ambição.

Eu era pequenina, mas tinha um senso de justiça bem aguçado e batia nos coleguinhas que mentiam. E me achava super correta. Mas, sendo realista, não quis dizer que a temática fosse inédita, porque sabemos que não era. Mas, pra mim, foi importante porque foi quando eu comecei a ter noção sobre isso.

Cambalacho foi uma novela querida e me arrisco ao dizer que não era feita somente de estereótipos. Tinha, sim, a mocinha e a vilã, e todos os outros componentes, mas a mocinha em questão era também uma trambiqueira que caiu no gosto do público porque tinha bom coração. Mas fez história e rendeu boas risadas, bem ao estilo cômico de Silvio de Abreu. Afinal, quem é que não lembra da conturbada relação de Ana Machadão (Débora Bloch) e Antero (Edson Celulari)? Ou das magias de Tina Pepper (Regina Casé) para conquistar o coração do seu amado (Paulo César Grande)?

Confesso que não me recordo, mas cambalacho devia ser uma palavra da moda na época, porque foi usada na música Tô P da Vida, do Dominó, no disco deles de 1987. Infelizmente, ela não está presente nesta trilha sonora, por isso falarei das que de fato estão presentes.

O disco começa com Perigosa, do Syndicatto. O único perigo aqui é a pessoa ter uma lesão auditiva, de tão ruim que é a música. Parece Mas Não É do Carbono 14 tem uma pilha Jovem Guarda embebida de new wave. Uma mistura estranha, mas que até não ficou ruim. O tema de abertura, Cambalacho do Walter Queiróz, tem uma levada caribenha, muito em voga na época e bastante recorrente em várias outras aberturas de novelas.

Filho da Cidade do Sergio Dias é um pop que transborda anos 80. Até demais, sejamos francos. Mas ele tem crédito, por todos os serviços prestados ao rock. A trilha tem até samba de raiz, com Deus Nos Acuda do Fundo de Quintal. Um dos destaques da trilha nacional, sem dúvida.

A trilha internacional começa com a balada Captain of Her Heart, do Double, e seu pianinho maroto. Depois vem a clássica Bad Boys, da Gloria Estefan and The Miami Sound Machine. Um dance pegado, que marcou época. Outro destaque é Greatest Love of All, da Whitney Houston. Ela comanda o universo, não adianta. Pena que NADOU NO CRACK nos últimos anos.

Better Be Good to Me da Tina Turner é um pop excelente, com um riff marcante. E esse disco é tão recheado de baladas que até o ZZ Top ataca com uma, Rough Boy. A conclusão a que chego é que 1986 foi um bom ano para baladas, para o bem de toda a humanidade.

Single da Semana: Shakira – “Whenever, Wherever”

14/12/2009

Sereia feelings

Que Shakira é sensacional, todo mundo sabe. Seria perda de tempo elogiá-la neste post. Portanto, vamos ao que interessa. Este single, de 2001, marca a fase inglesa da maior personalidade da Colômbia depois de VALDERRAMA. Whenever, Wherever, a faixa, é excelente, com sua vibe ORIENTE MÉDIO e sua flautinha andina no final. Também pudera: foi composta pela própria Shakira e pela GLORIA ESTEFAN, musa eterna.

A segunda faixa do cd é Suerte, que nada mais é do que a música anterior cantada em espanhol. Claramente superior, já que Shakira em sua língua natal é imbatível. Ouvir frases como “Suerte que mis pechos sean pequeños/Y no los confundas con montañas” derrubam até o mais ferrenho dos detratores da moça. A próxima canção é Whenever, Wherever, só que dessa vez numa versão TV EDIT, que não faz sentido algum. Talvez ela fale alguma coisa PROIBIDONA na versão original e por isso a TV censurou. Pode ser. Não faço a menor questão de saber o motivo.


Machu Picchu é logo ali

Por fim, a faixa de encerramento é uma balada, daquelas que só a colombiana fatal sabe fazer. Inevitable é uma aula de começo calminho e refrão pegado, como toda música decente do universo deveria ser. Perto do final, entra um órgão muito em chamas e uma guitarra encorpada, só pra voltar pro violão depois e fechar os trabalhos de forma magistral.

Shakira, tu é foda.