Ontem tive um lampejo no meio da manhã e lembrei da banda KLEIDERMAN, projeto paralelo do Branco Mello e do Sérgio Britto, dos Titãs. Imediatamente escrevi sobre isso no Twitter, lugar onde falo sobre tudo aquilo que não teria saco de abrir o WordPress para postar.
Mas depois de baixar o único disco da banda, Con El Mundo a Mis Pies, de 1994, resolvi que o assunto merecia um post, nem que seja apenas para servir de resultado de pesquisa no Google, para quando algum jovem curioso ou um velho saudosista resolver buscar mais informações sobre esse belo momento da história da música brasileira.
O som do Kleiderman é claramente influenciado pelo grunge, como era também o disco Titanomaquia (1993), dos Titãs, – não por acaso produzido pelo Jack Endino, produtor do Nirvana. A gravação é tosca e tenho certeza de que essa era a intenção. Os riffs são diretos, os vocais são secos e a batera é bem pesada. Por sinal, destaque para a baterista em si, Roberta Parisi, que já tinha tocado na Volkana, clássica banda de metal composta só por mulheres.
O disco inclusive tem uma música com o nome dela, Roberta, que contém o antológico refrão “Conhaque e Diet Coke”. Variando letras em inglês e português, o álbum tem muitos momentos altos, como O Amor é uma Coisa Feia, Nem Mãe, Nem Puta (tentei encontrar o clipe para postar e falhei miseravelmente), Con El Mundo a Mis Pies e Não Quero Mudar, além da instrumental O Colecionador.
Branco Mello = Vencedor
Talvez mais significativo do que a música em si seja o fato de que ele foi lançado pelo Banguela Records, selo dos próprios Titãs em parceria com a WEA. Para quem não sabe, esse mesmo selo foi o responsável pelo lançamento de discos de gente como Raimundos, Little Quail And The Mad Birds, Mundo Livre S/A, Maskavo Roots e Graforréia Xilarmônica, entre outras excelentes bandas daquele período.
Por tudo isso e por ser um baita disco de rock, esse trabalho do Kleiderman merece um lugar de honra em qualquer revisão da música brasileira dos anos 90, especialmente quando se fala em 1994, o maior ano das nossas vidas. Ok, da minha vida, pelo menos.